Falta de condições de trabalho dificulta desenvolvimento da dança em Angola
A carência de espaços adequados, incentivo financeiro e maior profissionalização dos dançarinos e coreógrafos angolanos têm constituído um dos principais entraves ao desenvolvimento deste género artístico no país, segundo o director do Ballet Nacional Kilandukilo, Maneco Vieira Dias.
A carência de espaços adequados, incentivo financeiro e maior profissionalização dos dançarinos e coreógrafos angolanos têm constituído um dos principais entraves ao desenvolvimento deste género artístico no país, segundo o director do Ballet Nacional Kilandukilo, Maneco Vieira Dias.
O responsável realçou ainda que com mais incentivos e espaços de exibição, os grupos de dança em Angola, tanto na vertente tradicional quanto na moderna, teriam condições para melhorar a qualidade do produto apresentado ao público e disputar, simultaneamente, lugares de destaque na arena internacional. "Além da ausência dos incentivos e de espaços, há ainda a destacar a fraca formação académica, apesar de nos últimos anos o Ministério da Cultura ter apostado nesta vertente. Portanto, se aspiramos por qualidade temos de dar outro impulso a este género artístico para que haja mudança de rumo", realçou. Um dos aspectos levantados por Maneco Vieira Dias para que tal aconteça é a recuperação e reabertura urgente dos espaços, "que se encontram fechados ao público há muitos anos". Este acto permitiria, segundo este, os grupos terem condições propícias para exibirem e prepararem adequadamente os seus trabalhos coreográficos. No entanto, o responsável do Ballet Kilandukilo reconheceu existirem já algumas melhorias na qualidade e na representatividade de certos grupos nacionais. "Temos grupos de dança tradicional e de recreação com muita qualidade. Alguns deles têm até mesmo condições de representar o país em eventos internacionais", disse. Maneco Vieira Dias manifestou-se igualmente satisfeito com a criação do grupo de dança Rebita do Kilamba, que para ele vai permitir o resgate de uma modalidade em vias de desaparecimento no país. "A rebita faz parte do acervo histórico cultural do país, mas infelizmente, nos últimos anos, tem se assistido ao seu desaparecimento e espero que, com este grupo, se possa dar um outro impulso ao seu resgate e manutenção nas modalidades artístico-culturais angolanas", adiantou.
De acordo com Maneco Vieira Dias, a pesquisa, em termos de investigações no campo da tradição oral angolana, deve ser outra das apostas dos grupos de bailado tradicional, por serem uma expressão da cultura angolana e um veículo de salvaguarda da identidade nacional.
O Dia Internacional da Dança foi instituído em 1982, pela Unesco, com o objectivo de despertar o interesse público, bem como incentivar os governos a criarem políticas para o ensino de base e superior desta manifestação artística. Celebrada a 29 de Abril, a data marca as comemorações do nascimento do coreógrafo e reformador francês Jean-Georges Noverre (1727-1810), criador do ballet moderno. Esta efeméride é igualmente usada como um marco para firmar posições claras sobre a dança, enquanto linguagem artística capaz de aproximar-se de outras expressões, como a música, o teatro, o circo, mas mantendo a sua identidade própria. O dia da Dança celebra essa autonomia.
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