segunda-feira, 30 de abril de 2007

Ruy de Nilo - "O rosto da chuva"

Reviver o passado que ainda marca a memória dos angolanos e realçar a angolanidade, enquanto factor de unidade e reconciliação, é o cerne do primeiro rebento literário de Ruy de Nilo, a ser apresentado na primeira quinzena do próximo mês.
Trata-se de um conto poético, onde o autor faz uma reflexão sobre algumas situações vividas pela sua geração e cuja base centra-se nas realidades vividas por si e em alguns extractos da transmissão oral, que mesclado à ficção e ao misticismo transformam "O rosto da Chuva" numa narrativa para várias idades.
Centrando-se neste ponto, o autor procurou retratar no livro as diferentes realidades vividas nas inúmeras etnias do país, nas zonas tribalizadas, nas múltiplas subculturas e línguas que nos identificam como povo, nos seus mais diversos níveis e civilizações tradicionais. "Este era um tema inevitável. Porque ser-me-ia difícil fugir a este tentáculo intrínseco da cultura angolana, em particular, e à tradição Bantu no geral", explica.
Embora reconheça que tenha sido influenciado por outras culturas, Ruy de Nilo afirmou ser importante não descurarmos nunca as nossas raízes e os seus valores culturais. Com base em tal, acrescenta, "O rosto da chuva" assume e preserva a expressão da angolanidade, ressaltada nas suas mais variadas vertentes.
Alguns dos principais momentos da guerra na qual esteve mergulhada o país durante anos e a harmonia que Angola ganhou com a paz, há já quatro anos, são também outros dos pontos ressaltados por Ruy de Nilo.
"Cada angolano tem o rosto da chuva e este tem um condão de lavar e limpar. Ou seja existe dentro dos angolanos agora um novo começo, feito na base do perdão e da limpeza das magoas. Embora, todas as cicatrizes fiquem na memória, o povo angolano já deu prova, ao longo da sua história, de saber esquecer. Todavia, tal não significa ignorar. E são essas histórias que pretendo consciencializar, recordando-nos o quanto nos custou o parto da paz", diz o autor.
Jurista de profissão, o escritor, de nome próprio Rui de Carvalho Simões, define-se como sendo um ser poético. Mas, apesar disto pretende colocar brevemente no mercado um romance, além de mais dois poemários quase terminados, e outro livro de contos, intitulado "Malamba", escrito com base no quotidiano.
Tendo já oportunidade de visitar algumas áreas pelo interior do país, a investigar os temas para os seus trabalhos literários, o escritor mostra-se satisfeito com a nova realidade do país, ao contrário das informações de uma imagem muito negativa passada a nível internacional.
Ruy de Nilo tem igualmente vários trabalhos publicados sobretudo no âmbito da pesquisa universitária. Publicou ainda as suas obras no jornal "Fazedores de letra ", da faculdade de letras da Universidade de Lisboa e consta também de uma ontologia de poesia portuguesa contemporânea, intitulada "Da Poesia III".
O livro "O rosto da chuva", que será apresentado na primeira quinzena de Maio em Angola, já foi lançado na feira do livro da Amadora em Lisboa, em Setembro do ano transacto pela Editora Publidisa. A obra está a ser vendida em Portugal, Espanha e também o será, posteriormente, no México.

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