quarta-feira, 25 de abril de 2007

Grupos de bailados devem ter como base a pesquisa da tradição

Adriano de Melo in Jornal de Angola


A pesquisa, recolha, estudo, preservação, promoção e divulgação das danças africanas é, segundo o ministro da Cultura, Boaventura Cardoso, uma tarefa que os grupos de bailado nacionais devem assumir e desenvolver para poderem recriar e dar novo alento à este estilo artístico.
Boaventura Cardoso avançou ainda, ontem durante o acto de abertura do Workshop sobre a Dança, a necessidade de os grupos angolanos rebuscarem o uso das novas tecnologias de informação e comunicação para uma maior divulgação, a nível nacional e internacional, desta expressão, que ainda se encontra num estado crítico em termos de profissionalização.
Estes meios tecnológicos permitirão, de acordo com o ministro, os grupos terem uma verdadeira memória coreográfica, capaz de suprir a carência documental registada há 50 anos. "Hoje cremos já não fazer sentido afirmar-se que a dança é a única forma de arte sem memória permanente", justificou.
O facto de o nível de conhecimento da dança elevada a arte ser ainda tão frágil ou inexistente no seio de determinados grupos foi também, para Boaventura Cardoso, uma das razões que levaram o Ministério da Cultura (Mincult) a realizar este evento, que terá a duração de seis dias e levará também ao conhecimento dos 101 participantes a experiência de Moçambique.
"As acções formativas são necessárias para debelarmos as fragilidades que acusam os grupos e companhias de dança nas suas actuações, e esta acção permitirá ministrar-lhes algumas das noções básicas e fundamentais sobre este género artístico", aclarou.
Para Boaventura Cardoso, o estado crítico deste género artístico só começará a melhorar acentuadamente com a criação do Instituto Médio de Artes e do Instituto Superior de Artes, que permitirá capacitar adequadamente os profissionais de dança . "O início das obras do primeiro instituto, a partir deste ano, marcará, estamos certos, o limiar de uma nova etapa para as artes angolanas que muito bem merece", disse.
A dança como as demais expressões de arte precisam de espaço para se desenvolver, de acordo com o ministro, que acrescentou ser indispensável neste sentido constar nos programas de construção de novas infra-estruturas a criação de Casas de Cultura, de maneira a haver uma maior prática e usufruto dos valores culturais por parte da população.
"O Ministério da Cultura reconhece que os grupos de dança enfrentam inúmeras dificuldades, mas não obstante isso constatamos também um certo esforço e dinamismo no funcionamento e nas actividades de alguns grupos nas províncias", realçou.
O seminário, que será ministrado pela coreógrafa Ana Clara Guerra Marques e o director da Companhia de Canto e Dança de Moçambique, David Abílio Mondlane, até 29 deste mês, na Liga Nacional Africana, em Luanda, está aberto a todos os directores, encenadores e bailarinos de grupos de dança nacional, que através deste acto poderão obter maiores conhecimentos sobre este género.

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