sábado, 28 de abril de 2007

A paz foi ganha há cinco anos

Filomeno Manaças in Jornal de Angola

É no rescaldo de uma mão cheia de acontecimentos, que ditaram a agenda política doméstica da semana finda e que não podem aqui deixar de ser referenciados, que teve início ontem a campanha especial de mobilização e sensibilização de jovens para o registo eleitoral.
Dos acontecimentos a que aludimos, e por ordem cronológica, fácil é descortinar que, nas suas diferentes dimensões, cada um procurou conferir cunho particular ao quinto aniversário do fim da guerra em Angola. O seminário sobre a Agenda Nacional de Consenso, realizado nos dias 2 e 3 de Abril no Palácio dos Congressos, teve como preocupação central estabelecer os eixos em que deverá assentar o desenvolvimento do país. Ou seja, o mesmo é dizer que o objectivo foi o de - para lá das quezílias que pontilham a actividade e concorrência entre os partidos com vista a alcançar o poder- identificar uma pauta de assuntos essenciais ao progresso económico, social e mesmo político do país que todas as formações devem abraçar e primar pelo seu cumprimento a rigor. Trata-se de uma visão de futuro que não deve assustar, até porque se revisitarmos a história de países que conheceram longos períodos de guerra e hoje têm o estatuto de nações desenvolvidas, veremos que há questões às quais o Estado prestou particular atenção, não as deixando sob a responsabilidade única dos partidos políticos, como a saúde, a educação, o domínio das infra-estruturas sociais e sanitárias, a estabilidade e crescimento da economia, para só citar estes.
A Gala da Paz organizada em homenagem ao 4 de Abril, cerimónia a que assistiram o Presidente da R-pública e esposa, várias figuras públicas convidadas e particularmente representantes de partidos políticos, foi um momento sublime na celebração de mais um aniversário da coragem que levou angolanos a dizer "basta às armas!"
E foi no embalo destes acontecimentos que a Comissão Nacional Interministerial para a Desminagem e Assistência Humanitária entendeu por bem realizar uma gala em que foram eleitos os seus embaixadores da boa vontade contra as minas, que vão desenvolver uma série de actividades visando a reinserção social de cerca de 80 mil pessoas vítimas desses artefactos terrestres. Mais do que isso, a revelação de que até Outubro do ano passado foram limpas cerca de dois milhões, 821 mil e 667 metros quadrados de áreas minadas, 328 quilómetros de estradas, e que foram removidas um total de três mil e 267 minas, remete-nos para números que representam um grande esforço no sentido de tornar o país acessível, por um lado, e, por outro, um compromisso sério com a construção da paz.
Com efeito, a paz não é só o calar das armas. A paz é também um processo de construção lento e multidisciplinar, a começar pelo próprio homem, elemento central do projecto de uma nova nação, de um novo Estado em que Angola se pretende tornar. E nesse projecto é claro que a juventude é chamada a desempenhar papel de particular importância.
Por isso, depois do sucesso que foi a campanha especial do registo de mulheres em Março, que permitiu, nesse mês, o recenseamento de 80 mil senhoras, a Comissão Interministerial para o Processo Eleitoral decidiu - e bem - dedicar Abril à juventude. Vamos, pois, todos ao registo para consolidar a democracia e a paz em todo o país.

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