A economia não petrolífera cresceu 17,2 por cento no ano passado, suplantando em 3 por cento as previsões do Governo que apontavam para 14,1 por cento, de acordo com um estudo do Banco Português de Investimento (BPI) divulgado ontem. No sector petrolífero, verificou-se o inverso, tendo abrandado de 26 por cento para 21,2 por cento.
Os sectores da construção, diamantes, indústria transformadora e energia foram os mais dinâmicos da economia angolana em 2006, crescendo acima do sector petrolífero, o que tem maior peso no PIB do país.
“O crescimento de 2006 continuou a ser principalmente sustentado pelo sector petrolífero, mas foi notória a evolução do não petrolífero, [alcançada] apesar da queda do produto da agricultura e silvicultura”, afirma o departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPI, em relatório divulgado ontem.
O português BPI controla o Banco Fomento, um dos principais bancos angolanos.O produto do sector de agricultura e silvicultura terá recuado 12,3 por cento, “devido ao tempo seco registado em algumas províncias”, adianta. Em relação à inflação, o BPI espera que “uma trajectória de queda nos próximos meses”, depois de um aumento no final do ano passado. A meta do Governo para a inflação - 10 por cento (atingiu 12%) - não foi alcançada em 2006, mas é exequível este ano, “assumindo a manutenção da estabilidade cambial”.
No ano passado, a economia angolana cresceu 19,5 por cento, um ligeiro abrandamento em relação a 2005, e este ano deverá acelerar para 31,2 por cento, de acordo com o Ministério das Finanças. O Banco Mundial prevê um crescimento de 30,2 por cento, graças a uma aceleração de 40,9 por cento no sector petrolífero, que deverá produzir 736,9 milhões de barris, mais 48 por cento do que no ano passado. Para o BPI, “o anúncio pela Chevron de investimentos de cerca de mil milhões de dólares no decurso do ano, em projectos ligados à pesquisa, exploração e produção de crude reforçam a confiança num futuro promissor para o sector petrolífero”. Esta petrolífera norte-americana deverá produzir perto de um milhão de barris diários a partir de 2010, mais 40 por cento do que a sua produção actual. Os resultados da Sonangol no ano passado, em torno de 85 mil milhões de kwanzas (1,06 mil milhões de dólares), foram “sensivelmente iguais aos registados em 2005, mas podem ser considerados muito positivos, tendo em conta o elevado volume de investimentos realizados”, adianta o relatório bimestral do BPI.
Em forte crescimento está também o sector diamantífero, apesar de ensombrado pelo mercado negro.
“O aproveitamento do potencial do país está a ser posto em causa pela exploração ilegal de diamantes, o chamado garimpo ilegal, que está a atingir proporções preocupantes. Uma eventual solução passa por transformar os garimpeiros ilegais em trabalhadores artesanais que venderão as suas descobertas à Endiama”, concessionária estatal, escreve o BPI.
A concessionária prevê este ano iniciar prospecção nas províncias de Malanje, Kwanza-Sul, Bié, Huíla, Namibe, Cunene, Uíje e Moxico.
1 comentário:
Interessante evolucao das taxas de crescimento do sector nao petrolifero, reflectindo a normalizacao esperada em periodo de paz. Mas para la' das taxas de crescimento, quer no sector petrolifero, quer no resto da economia, precisamos saber mais sobre e olharmos com mais atencao para como o rendimento nacional resultante desse crescimento e' (re)distribuido pela populacao.
Um abraco!
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